Os 434 desaparecidos durante o regime militar, a vereadora do Rio Janeiro e seu motorista Anderson Gomes, assassinados no Rio de Janeiro na semana passada foram homenageados no plenário da Câmara dos Deputados. Esta foi a primeira celebração no Brasil do Dia Internacional do Direito à Verdade sobre Graves Violações aos Direitos Humanos e da Dignidade das Vítimas.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff existe uma ameaça à democracia que incentiva o ambiente de intolerância, que levou à execução de Marielle. “A restrição democrática precisa acabar, o golpe tem responsabilidade nas mortes e nos crimes políticos deste País”, disse.

Os 434 desaparecidos durante a ditadura militar no Brasil foram lembrados pela deputada Luiza Erundina (PSol-SP), que pediu a sessão. Ela salientou que ainda não foi revelada a verdade. O número consta no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, finalizado em 2014. “Até agora os poderes da República nada fizeram para dar cumprimento às 29 recomendações da Comissão Nacional da Verdade”, apontou.

Sobre o cenário atual, a parlamentar salientou que é de graves violações aos direitos humanos, incluindo o assassinato diário de jovens negros na periferia, de indígenas e a violência doméstica. “Quase a totalidade desses crimes ficam impune no Brasil, sob o olhar indiferente e conivente das autoridades de plantão”, disse.

Dom Leonardo Steiner, representante da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acredita que a morte de Marielle é apenas a continuação da história do País. “Quantos homens e mulheres indígenas desapareceram na história do Brasil? Quantos escravos, e ninguém se lembra deles? Quantos pobres desapareceram recentemente?”, questionou.

Em um discurso emocionado, a mulher de Marielle, Monica Tereza Benício, cobrou celeridade das autoridades brasileiras sobre o assassinato da vereadora. “Não devem só a mim a satisfação do que aconteceu com a minha mulher, porque isso não vai trazê-la de volta, mas devem ao mundo o respeito e a satisfação do que aconteceu nesse crime bárbaro”, afirmou.

Deputadas cobram inclusão de foto da presidenta Dilma em exposição na Câmara

Na manhã desta quinta-feira (22/03), deputadas e deputados do PCdoB, PT, PSB e PSol realizaram um ato de protesto para cobrar que a foto da presidenta Dilma integre a exposição do Mês da Mulher da Câmara dos Deputados.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) já havia manifestado sua indignação com a ausência da foto da primeira mulher eleita democraticamente no painel da exposição. Os parlamentares também cobraram que a inclusão da imagem da vereadora Marielle Franco.

“A presidenta Dilma, primeira mulher a ocupar a Presidência da República, foi enxotada da cadeira que o povo lhe outorgou, sem nenhum crime. O seu rosto merece estar nesta exposição de heroínas nacionais, assim como o rosto e o sangue da guerreira Marielle Franco, que foi abatida no início do seu voo da luta democrática e pelas minorias. Os estilhaços das balas que tiraram sua vida estão cravados em nossos corações. Abateram Marielle para calar a voz das mulheres das favelas, das presidentas de associações, das líderes sindicais, mas nós não vamos nos intimidar.”, disse a parlamentar do PCdoB.

A celebração do Dia Internacional do Direito à Verdade sobre Graves Violações aos Direitos Humanos e da Dignidade das Vítimas foi incluída no calendário brasileiro de datas comemorativas pela Lei 13.605/18. No dia 24 de março de 1980, foi assassinado o bispo de El Salvador Dom Oscar Romero, enquanto celebrava missa.

Com Agência Câmara e assessoria da deputada Alice Portugal