Desde a derrocada da Reforma da Previdência, o emedebista mudou o rumo de sua pauta e pôs na segurança o foco de suas ações. A estratégia tem sido vista como uma medida de aumentar a popularidade de Temer, numa possível empreitada eleitoreira. Depois da intervenção federal no Rio de Janeiro, esta semana foi a vez do anúncio da criação de um novo ministério para tratar só do assunto. À sua frente, o ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann, confirmado no início desta tarde.

Para o líder comunista, a “solução caseira”, como vem sendo chamada a nomeação de Jungmann, já indica a fragilidade do novo Ministério da Segurança. “Foi o que sobrou, uma vez que nenhum quadro renomado da área se dispôs a colocar a biografia em risco em nome do marketing eleitoral que Temer faz na questão da segurança”, disse.

A nova Pasta deve ser criada ainda nesta segunda-feira, por meio de medida provisória, o que permite que já valha a partir de sua publicação, mas ainda precisará ser aprovada por deputados e senadores em, no máximo, 120 dias. Com isso, o governo passará a ter 29 ministérios.

A ideia é que o novo ministério coordene as ações de segurança pública em todo o país. “Esse ministério vai coordenar a área de inteligência, porque também não basta colocar policial na rua com fuzil, precisa desbaratar o crime organizado”, afirmou Temer em entrevista a Rádio Bandeirantes.

Jungmann passou a ser cotado para o novo cargo depois da dificuldade de Temer encontrar um nome externo para ocupar o ministério. O nome do general Sérgio Etchegoyen, ministro do gabinete de Segurança Institucional, chegou a ser cogitado, mas, pelo fato dele ser militar, a opção foi descartada. Com a decisão de colocar um general para ser o interventor no Rio de Janeiro, a avalição do Planalto é que poderia ser mal recebido pela sociedade ter outro militar no comando do Ministério da Segurança Pública.

Fontes do Palácio do Planalto já descartavam desde o carnaval nomes que saíram na imprensa como o delegado aposentado da PF José Mariano Beltrame e o ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury. A expectativa de Temer é que Jungmann tenha maior capacidade de interlocução com os governadores até mesmo pela sua experiência como parlamentar e ministro da Reforma Agrária da gestão Fernando Henrique Cardoso.