O vice-líder do PCdoB, deputado Márcio Jerry afirmou, nesta quarta-feira (18), que o presidente Jair Bolsonaro é um “ignorante imodesto”, que “prega contra coisas essenciais, como a educação, a ciência e o desenvolvimento”. A fala aconteceu durante a audiência pública que debateu a situação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e os investimentos na pesquisa na Câmara dos Deputados.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, era aguardado no colegiado para prestar esclarecimentos sobre os cortes de bolsas de pesquisa científica, mas em um acordo feito na semana passada, a base governista obstruiu a sessão para que o secretário executivo do Ministério da Economia honrasse o compromisso em seu lugar. Representando o ministro, Marcelo Guaranys, afirmou que não houve cortes orçamentários no Conselho, mas “ajustes feitos com base em parâmetros definidos em 2018”.

Garantindo a alocação de recursos até meados de outubro, com a destinação de cerca de R$ 80 milhões para a área, Guaranys defendeu que o país deve fazer “melhores escolhas, que deem melhor resultado para população” para definir a alocação de recursos destinados à ciência e tecnologia nacional e explicou que não há perspectiva de evolução econômica do país. O secretário também disse que o “atual cenário fiscal é restritivo” e que a evolução das despesas primárias exige o ajuste das prioridades para melhorar a competitividade nacional.

Autor de um dos três requerimentos apresentados à Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) para convocação de Guedes, Márcio Jerry pediu a criação de uma “ampla coalizão em defesa da ciência e da tecnologia” e apontou a urgência no avanço das tratativas no setor. Para o deputado, este é um apelo que ultrapassa as fronteiras partidárias e “que reflete um clamor da sociedade brasileira de retomar o investimento da ciência e da tecnologia brasileira”.

Em crítica ao pouco esforço do governo em aprovar recursos de emergência, Márcio Jerry também citou a situação da necessidade de aprovação do PLN 4/2019, que cria crédito suplementar de R$ 240 bilhões para reforço da lei orçamentária vigente, e a postura de Jair Bolsonaro diante da definição de “prioridades”.

Margarida Salomão (PT-MG), também autora de um dos requerimentos apresentados, afirmou que a postura do representante aponta a “convicção que hoje norteia uma política do governo”, de pouca valorização da ciência e tecnologia.  Vitor Lippi (PSDB-SP) também defendeu a regularidade e a sustentabilidade no financiamento da pesquisa, a fim “de fortalecer e aplicar o conhecimento, para aumentar a eficiência, a competitividade” no país. 

*Ascom Márcio Jerry