Mensagens obtidas pelo Intercept e analisadas pela Folha com o site revelam que Deltan, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, buscou informações sobre as finanças pessoais de Toffoli e sua mulher, além de evidências que os ligassem a empreiteiras envolvidas com a corrupção na Petrobras. Ministros do STF não podem ser investigados por procuradores da primeira instância, como Deltan e os demais integrantes da força-tarefa. A Constituição diz que eles só podem ser investigados com autorização do próprio tribunal, onde quem atua em nome do Ministério Público Federal é o procurador-geral da República.

As mensagens examinadas pela Folha e pelo Intercept mostram que Deltan desprezou esses limites ao estimular uma ofensiva contra Toffoli e sugerem que ele também recorreu à Receita Federal para levantar informações sobre o escritório de advocacia da mulher do ministro, Roberta Rangel. Ele começou a manifestar interesse por Toffoli em julho de 2016, quando a empreiteira OAS negociava um acordo para colaborar com as investigações da Lava Jato em troca de benefícios penais para seus executivos.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) não resta dúvida sobre os atos criminosos cometidos por Dallagnol.

“Usurpação de competência, escolha do agente a ser investigado, intromissão nas delações e utilização de órgãos de Estado, como a Receita, para a perseguição a supostos adversários. Métodos que fizeram da Lava Jato um instrumento ilegal e agora desmoralizam seus condutores”, disse o deputado no Twitter.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) defendeu o afastamento imediato do procurador das suas funções na Lava Jato.

“A cada nova revelação do The Intercept há a certeza de que é um fora da lei, um viciado em ilegalidades. A permanência dele na Lava Jato é um acinte ao próprio MPF (Ministério Público Federal) e a todo o sistema de justiça, bem como ao próprio ordenamento democrático”, argumentou o parlamentar.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), cobrou providência imediata do poder judiciário. “Até quando o STF vai fazer de conta que não é com ele? Mais do que nunca, o Supremo precisa responder com firmeza aos desmandos da Lava Jato que feriram a instituição e a Democracia”, disse.

Segundo ele, está claro que Dallagnol usou sua função para perseguir adversários. “O perseguidor da República usava a Lava Jato para, deliberadamente, açoitar adversários. É um completo criminoso, que segue atuando vivamente no coração do MPF”, criticou.

*Com informações do Portal Vermelho e da Folha de São Paulo.