O Brasil atingiu nesta quarta-feira (24) a triste marca de 300 mil mortes por Covid-19. Dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) apontam exatos 300.675 óbitos, sendo 1.999 nas últimas 24h. Um dia antes, o país registrou 3.251 mortes. Deputados lamentam a triste marca e cobram empenho do governo para conter pandemia.

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), lamentou o número de vidas interrompidas e afirmou que a "marca perturbadora" deveria servir para "acordar" Bolsonaro. "A tragédia que se mostra já era anunciada, mas o governo não se preparou para isso. Seguiu no improviso. Preferiu negar a ciência, o acesso a vacinas e desestimular publicamente medidas de prevenção, como o uso de máscaras e o isolamento social. Infelizmente, comprovamos que não é apenas uma "gripezinha", como dizia Bolsonaro. O atual estágio da pandemia de Covid-19 levou o Brasil ao maior colapso sanitário e hospitalar da história. O país está próximo de uma catástrofe se medidas concretas de contenção do vírus não forem tomadas. É urgente amplo esforço nacional coordenado para vencermos a Covid-19. E o presidente precisa liderar isso. Não há mais tempo para incapacidade e paralisia. Não podemos perder mais vidas", afirmou.

No entanto, o elevado ritmo de contágio somado ao colapso no sistema de saúde e à morosidade na vacinação da população formam um cenário pessimista para os brasileiros diante da pandemia do novo coronavírus, fruto do negacionismo com que o governo federal vem tratando a crise sanitária desde o seu início.

Diante do aumento exponencial de casos, muitos estados adotaram lockdown nas últimas semanas, deixando apenas atividades essenciais em funcionamento numa tentativa de diminuir o contágio pelo vírus. Bolsonaro chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida tomada pelos governadores, mas não teve sucesso.

Por 12 meses, o presidente da República vem negligenciando sistematicamente o combate à pandemia. Criticou as práticas de distanciamento social e uso de máscara na contenção da doença, minimizou a letalidade do vírus, desdenhou de famílias que perderam entes queridos e hesitou em comprar vacinas, apostando primordialmente em medicamentos sem eficácia comprovada no combate à doença e espalhando desinformação. Desde terça-feira (23), no entanto, vem tentando emplacar que seu governo tem agido para conter o avanço da pandemia.

Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), a mudança no discurso, explicita desespero de Bolsonaro. “Parece que o desespero está batendo às portas de Bolsonaro. O mais chocante é que precisamos ter recordes diários de mortes para que muitas pessoas prestassem atenção na irresponsabilidade desse governo com o país. Mais de 300 mil vidas perdidas. É genocídio sim!”, afirmou.

A vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também responsabilizou Bolsonaro pelas mortes e defendeu, mais uma vez, o impeachment do presidente. “Nós vamos tirar você daí, genocida. Por todos e todas que perderam suas vidas nesta pandemia descontrolada por sua causa”, afirmou.

Com a disseminação do vírus fora de controle, o Brasil somou 50 mil mortes em 28 dias. Há exatas quatro semanas, quando o país atingia a marca de 250 mil óbitos, a média móvel de mortes estava na casa de 1.100 registros. Em menos de um mês, essa média, usada como instrumento estatístico para corrigir eventuais falhas técnicas no sistema de registros, duplicou.

“Em luto pelos 300 mil mortos. Que familiares e amigos tenham força para resistir e superar essa tragédia”, afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

O parlamentar criticou ainda a tentativa de mudança nos critérios de registro no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde. A exigência de dados como CPF, cartão do SUS entre outros, fez com que os registros de estados como São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul sofressem impacto. A Pasta voltou atrás da medida após solicitação do Conass e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

“Bolsonaro, o genocida, resolveu não contar mais os mortos. Não basta morrer, agora a vítima precisa ter CPF, cartão do SUS, talvez até carteira assinada, para ter atestado de óbito. O trabalho dos governos, da imprensa, a denúncia internacional nunca foram tão necessários”, destacou Orlando Silva.