O país registrou nesta quarta-feira (2) o dia mais mortal desde o início da pandemia de Covid-19. Conforme o Painel Conass, plataforma lançada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o número de mortos pela pandemia atingiu a marca de 1.910 mortes em 24 horas. Com isso, o total de vítimas supera os 259,2 mil.

Segundo o painel, que tem atualização diária até as 18 horas, esta quarta também foi o segundo dia com o maior número de contágios registrados da doença: 71.704 pessoas foram diagnosticados com a covid – o número só não é maior que os 87,4 mil infectados em sete de janeiro – número alto por conta de registros pendentes do final do ano. Hoje, o país já chegou a 10,7 milhões de contaminados.

Ante a escalada de mortes e casos de contaminação, deputados do PCdoB condenaram a postura adotada pelo governo federal no enfrentamento da pandemia no país.

O líder do partido na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), ocupou a tribuna para lamentar mais um recorde de mortos pelo novo coronavírus e protestar contra o silêncio do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

"Não há uma palavra do presidente da República no sentido de mobilizar o país, a Nação, para enfrentar a covid. Não há uma palavra do ministro da Saúde na direção de um combate efetivo à covid. Respondem com evasivas, com medidas protelatórias, fazendo pouco caso da doença. E o povo brasileiro está desesperado, sentindo-se abandonado pelo governo", denunciou.

Calheiros ressaltou que os hospitais estão lotados em todo o país, com as vagas nas UTIs preenchidas tanto na rede pública quanto no setor privado. O parlamentar observou que, em razão do descaso no combate à pandemia, já existe "uma percepção internacional de que, aqui no Brasil, não existe governo, que não há medidas".

"E essa percepção é correta. Aqui todos são testemunhas de como o presidente se refere à pandemia, de como se refere à covid. Fez ele a opção de botar um ministro que não quer ser ministro, que não entende de saúde pública e que apenas balança a cabeça e diz 'sim' para o presidente da República", afirmou.

"Trago aqui a indignação das pessoas que não podem vir a esta tribuna para fazer esse protesto, para fazer esse lamento. Venho dizer que essa situação não pode continuar, porque o povo brasileiro tem que ter a oportunidade de sobreviver no enfrentamento da covid, com assistência médica e com vacina", disse o deputado.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), é preciso "parar este governo antes que mais vidas sejam perdidas". Ela ressaltou que a resposta do governo à mais grave crise sanitária da história do país tem sido o deboche, a mentira e as fake news. "E, quando não mente, se omite", frisou.

"Temos visto uma absoluta descoordenação ou um boicote a todas as políticas corretas que deveriam ter sido desenvolvidas nesse período. É um boicote à ciência, é a negação da ciência, é um boicote às medidas indicadas pela epidemiologia, pela infectologia, pelo mundo real de quem vive, convive e aprendeu com essa doença. É a negação dos esforços feitos na ponta pelos profissionais de saúde que também estão morrendo. É a negação da vida. É a total insensibilidade. É o desprezo pela ciência e por tudo que se desenvolve no país", apontou.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também reagiu com indignação às estatísticas sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil. "São números de guerra e o governo Bolsonaro faz de tudo para piorar a tragédia que vivemos", afirmou. Em discurso no plenário, a parlamentar manifestou solidariedade às famílias das vítimas da covid: "O povo brasileiro precisa de vacina e do auxílio emergencial no valor original. Chega de tanto descaso com a vida dos brasileiros e brasileiras".

"A covid está transformando o Brasil em um risco mundial, porque não temos comando. Os governadores e prefeitos se viram sozinhos. O desemprego assola o nosso país, e o auxílio emergencial proposto pelo governo do presidente Bolsonaro vai dar apenas uma nota do lobo-guará e mais uma nota da onça", observou a vice-líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC).

Em suas redes sociais, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) apontou que as mortes das últimas 24 horas revelam "o descalabro total, o horror absoluto" que tem sido a gestão da pandemia pelo governo federal. "Só hoje o governo macabro foi aceitar acordo com a Pfizer por vacinas. Quantas milhares de vidas não poderiam ter sido salvas? Esse sangue está nas mãos de Bolsonaro", pontuou.

A deputada Professora Marcivânia avaliou que a situação é crítica e exige a pronta intervenção do legislativo.

"Vivemos uma dupla tragédia no Brasil: 1) a Covid-19 amplia sua letalidade, fazendo vítimas em ritmo acelerado, enquanto diminui em vários países; 2) os bolsonaristas não reconhecem a gravidade e seguem incentivando as posturas irracionais do presidente. Os especialistas afirmam que as próximas semanas serão pura tragédia, acentuando-se as mortes e o desespero do povo que já sofre de forma desmedida… Precisamos frear isso e tratar a situação com a seriedade devida…. O parlamento é chamado a agir e agir rápido", escreveu no Twitter.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) também usou uma rede social para manifestar solidariedade às famílias das vítimas. "Vidas ceifadas pelo coronavírus e pelo descaso do governo Bolsonaro. Precisamos de vacinas, não de armas. Precisamos de proficiência, não de deboche. O Brasil não merece essa realidade devastadora", postou.