Em meio ao avanço de retrocessos promovidos por um governo ilegítimo, surgem a expressão da força, da luta e a reafirmação da democracia. Neste contexto deu-se o lançamento, na tarde desta quarta-feira (16), do livro “Paulo Fonteles: Sem Ponto Final”, de autoria de Ismael Machado.

A obra da Editora Anita Garibaldi faz um resgate da trajetória histórica de Fonteles, bravo lutador do povo brasileiro. De líder estudantil, preso e torturado, tornou-se advogado de trabalhadores rurais e árduo defensor dos direitos humanos. Por sua capacidade de exercer o amor em virtude da vida e de seus ideais, foi eleito deputado estadual paraense. Em 1987, Paulo foi brutalmente assassinado, deixando um legado de resistência, tão necessário naqueles tempos como nos tempos atuais.

Para o escritor e jornalista Ismael Machado, é momento de dar luz à ignorância para que não se repitam as mesmas injustiças e crimes do passado. “Este deveria ser um livro de memórias que resgatasse a história de um homem, mas não é apenas isso. É um exemplo balizador de uma época que não pode ser replicada. Precisamos pôr fim à ignorância e ao desconhecimento daqueles que caminham rumo ao autoritarismo”.

Durante o evento, a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), enalteceu a militância e o caráter de Fonteles ao afirmar que ele é um dos grandes ídolos da luta pela terra, e um exemplo do que é ser comunista. A parlamentar também lamentou a falta que alguém com esse perfil faz no Parlamento.

“Paulo era um homem de perspectiva, que acreditava que o Brasil tem jeito. Como advogado e militante se misturava com todos que tinham a necessidade de democratizar a terra no país. Dominava a política e entendia a importância dela. Seu legado faz parte da história do PCdoB e sua falta é muito sentida”, afirmou emocionada.

O livro foi uma iniciativa de um dos filhos de Fonteles, Paulinho (já falecido), que à época procurou Machado com a proposta. A ajuda e o acompanhamento da família foram essenciais para que o projeto saísse do papel. Juliana, filha de Fonteles, revelou que o irmão foi a estrela norteadora da obra.

“Paulinho carregou o legado do nosso pai e nos ensinou a buscar a força de transformar a dor em luta, levantando a bandeira dos direitos humanos. Este livro é muito importante para que as novas gerações entendam o que a onda de fascismo e conservadorismo pode ocasionar. A fé, a esperança e a coragem estão acima disso. Nosso pai e nosso irmão nos inspiram a continuar batalhando todos os dias”, disse.

Representando o PCdoB na Câmara no evento, a vice-líder da Bancada, deputada Alice Portugal (BA), também pontuou que Fonteles teve a vida doada às causas que acreditava, e salientou que seus filhos e netos abraçaram o legado. “Seus feitos servem de grande rastro luminoso para a manutenção da história daqueles que lutam. Paulo foi um farol, e a família toda ergue a bandeira da luta contra a restrição de liberdades, a ameaça do fascismo e do preconceito”.

O ex-deputado Constituinte Aldo Arantes dividiu com os presentes que teve o privilégio de manter uma relação pessoal com Paulo Fonteles ainda na juventude, e que enxergava nele o reflexo da luta pela justiça social. Arantes também reiterou que neste momento crítico no qual se verifica a construção de uma hegemonia da direita, é preciso incentivar o despertar da consciência crítica na população para que se construa, como Fonteles sempre lutou, uma sociedade mais limpa e justa, baseada em ideais.

O deputado paraense Edmilson Rodrigues (PSol) relatou que chegou a participar de atos de resistência e comícios por eleições diretas com Paulo, e que era realmente difícil não se emocionar com seu vigor, brilhantismo e compromisso com o futuro. “Seus ideais e suas causas o moviam; e que fortaleza era aquele jovem”. 

O ato de lançamento na Câmara foi promovido pela Fundação Maurício Grabois em conjunto com o Instituto Paulo Fonteles, a Editora Anita Garibaldi e as lideranças do PCdoB e do PSOL na Câmara dos Deputados, com apoio da União da Juventude Socialista (UJS) e da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).